12 de março de 2009
A chegada da poesia
Mário Quintana dizia que poesia não serve para nada; ou será Gullar? Os meus amigos brasileiros que me corrijam, se relevante acharem essa minha distracção. Mas quando atravesso um poeta como Pablo Neruda, percebo a razão da distracção. Devemos, sim, aos poetas essa apaziguada herança dos dias: infinita e anabalável.
Esperemos
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.
nota pura: esperamos, ela chega e parte, mas volta com "os dias que virão"
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