17 de junho de 2009

Liberdade


















Este animal
que trago no peito, por dentro, acocorado
remordendo o silêncio
- como salalés roendo o barro –
perfurando as sombras com os seus olhos grandes
Escavando sulcos no silêncio,
Acocorado.
Este animal que trago nervoso
no peito
retesando os músculos, pronto para saltar
este animal que no estreito
silêncio de mim se agita
e abre a enorme boca pronto para gritar.

Este animal que em mim se move
em mim habita
este animal que ninguém poderá jamais domesticar.

José Eduardo Águalusa

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