28 de fevereiro de 2005

Tcheka, sua banda e a nossa música

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Tcheka Andrade actuou no passado Sábado no pátio do Palácio da Cultura, da Capital, por iniciativa da Sofia Cyber Café e Tera Produções. Muitos dos que foram assistir ao show não ficaram surpresos. Tcheka já nos habituou a shows espontâneos e cheios de alma… alma das coisas da terra que ele faz questão de “interpretar e dar a conhecer aos mais novos”. Quem não se emociona com “Strada Pico”? – uma mulher de filhos, solteira e sem ajuda que percorre a estrada de picos para trabalhar na “strada”, e quando chega depara-se com o seu nome fora da lista. “Qui rezan” dará esta mãe quando chegar à casa? Strada Pico nos emociona da mesma forma que uma interpretação fiel e profunda de uma porfia entre um lavrador, um agricultor e um pastor. Estas duas últimas composições que mencionamos fazem parte do segundo disco do artista – Nu monda – pronto a ser lançado. Pessoalmente é este o clik que em mim provocam as músicas do Tcheka. O toque universalista sintetizado nos arranjos ousados e descomplexados criados numa harmonia de sensos entre o próprio Tcheka, o Kizó, o Hernâni e o Raúl. Toques que fazem do batuque uma música do mundo.
Deste grupo quem não passa despercebido, muito pelo contrário, é o guitarrista Hernâni. O jovem que chegou a pensar que “não queria saber de tocar música tradicional” certamente não vislumbrava tantas possibilidades de expressão nesse vasto universo que é a música cabo-verdiana. Hernâni como o próprio confessou numa entrevista à Revista Cultural "Dá Fala" começou a dar os primeiros passos na música tradicional, graças ao músico Bau, que o convidou a integrar ao seu grupo, e o motivou a descobrir novas fórmulas de tocar a nossa música com um dedilhar próprio e influências confessas. Antes só sentira-se à vontade no universo jazz, blues, rock e outros sons. Depois disso estudou música em Portugal, já tocou em vários palcos internacionais, e hoje sobressai-se como mais uma pérola da nossa música.

26 de fevereiro de 2005

Cachaça e escravidão

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Por: Denis Lerrer Rosenfield
Uma das páginas mais abjetas da história da humanidade e, em particular, do Brasil, foi escrita pela escravidão. Durante séculos, nosso país se caracterizou pela exploração dos índios e dos negros, tornando-os meros instrumentos de trabalho, do mesmo tipo que os animais que faziam o trabalho da lavoura. A humanidade lhes era negada, como se existissem bípedes falantes que não pertenciam ao gênero humano. Essa situação, durante esse longo período de trevas, foi considerada normal e constituía o quadro das coisas cotidianas. Alguns pintores retrataram admiravelmente essa cena nada pitoresca. Ela não chocava, pois, de certa maneira, fazia parte do senso comum daquela época, por mais incomum que a nós possa parecer.Assinale-se também que nosso país foi um dos últimos a abolir a escravidão, na qual comungavam, no Império, tanto os partidos de situação como os de oposição, salvo honrosas exceções individuais. Uma situação de tal tipo, moralmente condenável, continuava sendo economicamente justificada e juridicamente permitida. Foi necessário um longo e laborioso trabalho de formação da opinião pública para que as cadeias da escravidão fossem abolidas, embora os seus efeitos se façam sentir até hoje, numa espécie de dívida não paga. Contudo alguns perseveram numa estranha desatenção para com a escravidão dos negros, como se ela não chocasse e fizesse parte, por assim dizer, do nosso próprio senso comum. Leia mais

25 de fevereiro de 2005

Monumentos e Sítios

Example Aproveito esta deixa para agradecer a todos quantos participaram e introduziram valências para que a 1ª edição sobre a Cidade Velha, do programa Monumentos e Sítios, produzido pela Televisão de Cabo Verde, a cada quinzena, sempre à segunda-feira, tivesse uma qualidade aceitável. E, noblesse oblige, queria destacar as brilhantes participações do historiador e consultor do programa, António Correia e Silva, Coordenador da CNI-UCV, o historiador e diplomata Daniel Pereira, o antropólogo Carlos Carvalho, Presidente do IIPC, e o edil Felisberto Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Praia.
Uma palavra de reconhecimento para o operador de câmara Jorge Avelino, o montador e responsável pela pós produção Zezinho Furtado, sem os quais o conteúdo intelectual e o jornalismo investigativo não teriam o realce merecido.
À Direcção de Programas e à Direcção da TCV, nas pessoas de Adelina Brito e de Isabel Moura, respectivamente, os meus agradecimentos pela confiança em mim depositada. Ficam os meus votos para que se disponibilizem mais recursos e meios (de trabalho, diga-se) de molde que as próximas edições satisfaçam, pela qualidade e profissionalismo, todas as expectativas…

24 de fevereiro de 2005

Elsie Parsons, uma feminista, encantada com as histórias de Ti Lobo*

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Elsie Clews Parsons (1875-1941) foi uma grande socióloga e antropóloga americana que se celebrizou por recolhas e análises de elementos folclóricos de vários povos, entre os quais o cabo-verdiano. Em 1923, ela publicava, em Cambridge, Mass. (EUA), um livro intitulado Folk-lore from the Cape Verde islands, editado pelo American Folklore Society, obra que promoveu um exaustivo levantamento dos contos e tradições de Cabo Verde, permitindo que os mesmos fossem estudados nas famosas universidades de Harvard, Columbia e Yale. Nascida em Nova Iorque, em 1875, e oriunda de uma família abastada, Elsie Clews cedo se interessou pelas ciências humanas. Ela casou-se com o proeminente advogado e político nova-iorquino Herbert Parsons, mais tarde congressista em Washington, DC. Para evitar embaraços políticos ao marido, devido às suas posições progressistas e feministas, Elsie Clews Parsons adoptou o pseudónimo de "John Main" para os seus livros, Religious Chastity (1913) e Old Fashioned Woman (1913). Sempre em defesa da afirmação da mulher, ela ainda publicou obras controversas como Fear and Conventionality (1914), Social Freedom (1915), e Social Rule (1916), estes três livros assumindo plenamente a sua identidade.
Parsons tinha visões políticas consideradas radicais na época, defendendo o direito a voto feminino e, durante a Iª Guerra Mundial, aderiu como membro activo do Woman´s Peace Party.
Numa viagem para as comunidades indígenas do sul dos EUA, Elsie Clews Parsons se interessa pelas pesquisas de dois famosos antropólogos, Franz Boas e Pliny E. Goddard, com os quais trabalha em pesquisas de campo por largos anos subsequentes. Os estudos sobre as comunidades índias, levam a antropóloga a pesquisar em países como o Mexico, Peru, Equador e Jamaica, de onde saíram famosas obras como Mitla: Town of the Souls (1936) e Peguche, Canton of Otavalo (1945).
Parsons também publicou muito sobre folclores dos afro-descendentes, em trabalhos como Folk-Tales of Andros Island, Bahamas (1918), Folk-Lore from the Cape Verde Islands (1923), baseado nos trabalhos de campo com os imigrantes cabo-verdianos em Massachusetts, Folk-Lore of the Sea Islands, South Carolina (1923), e Folk-Lore of the Antilles, French and English, 3 vol. (1933-43). Ela faleceu a 19 de Dezembro de 1941, em Nova Iorque.

Recomenda-se: *PARSONS, Elsie Clews. Folk-Lore from the Cape Verde Islands, 2 vol. Cambridge, MA: American Folk-Lore Society, 1923.

FESPACO começa esta semana

Example As sequelas do genocídio, a realidade da Sida e a história de um travesti que trabalha num cemitério são apenas algumas das imagens do nosso continente exibidas no Festival Pan-africano de Cinema e Televisão (FESCAPO)que começa nesta semana.
O Festival que acontece em Uagaduguo, capital de Burkina Fass, começa neste sábado e terá cerca de 20 filmes na competição, como o "The Etalon d'Or de Yennenga" e "Gold Station of Yennenga", ambos a mostrar as realidades do povo africano.
Os temas deste ano incluem o apartheid, a guerra civil e a pandemia da Sida, mas o evento também traz abordagens que beiram à comédia, além de algumas curiosidades.
Há pelo menos quatro filmes da África do Sul, como "Yesterday", de Darrell Roodt, o primeiro longa-metragem sul-africano concorrente ao Oscar deste ano, que é falado em zulu. A produção conta a história de uma mãe que luta contra a Sida.
Dois filmes são do Marrocos, incluindo o já aclamado "Le Grand Voyage", de Ismael Ferroukhi, que traz a história de um imigrante marroquino em França. Da Tunísia e da Argélia, há também outros filmes.
Após receber o prémio de melhor filme estrangeiro no "Festival de Sundance", no mês passado, o filme "The Hero" ("O Herói"), de Zeze Gamboa, da Angola, também vai estar no evento. O longa, uma co-produção entre França, Angola e Portugal, conta a história de um combatente da guerra civil, que depois de se desligar do conflito deve enfrentar uma nova batalha para sobreviver em Luanda.
Os realizadores mais jovens também marcam presença na mostra com abordagens mais actuais da realidade africana.
De realçar que o filme "Ilhéu de Contenda",do realizador cabo-verdiano Leão Lopes fora galardoado com o Prémio FESPACO, atribuído pelo Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão no ano de 1999.

Com a Folha Online

22 de fevereiro de 2005

Sophia de Mello Breyner Andresen

Mello Breyner

As Fontes

Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.

Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.

Promessa

És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante
Em que é pleno e perfeito cada instante.
In: Obra Poética I

21 de fevereiro de 2005

From Village to Grammy

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Quem não conhece o rei do Mbalax – ritmo tradicional do Senegal, alegadamente internacionalizado por Youssou N´dour? Depois dos anos 80, Youssou N`dour domina a cena Mbalax nacional no Senegal. Aqui entre nós e no resto do mundo ficou conhecido pela música “seven second´s” cantada em dueto com Néné Chéri. Apesar do seu sucesso, é visto por alguns como um oportunista, já que a maioria do seu sucesso não tem muito a ver com a sua música de raiz, dizem. Mas o próprio Youssou N`dour admite com naturalidade ter dado uma nova roupagem ao Mbalax – o ritmo de sua alma.
Os mais fanáticos dizem não ser uma obrigação gostar do Youssou para provar o amor que se tem por Senegal ou pela sua cultura. De todo o modo devo confessar que uma das minhas curiosidades para com o Senegal, à par de outras proximidades, emerge da minha admiração por Youssou N´dour.
A produção do rei do Mbalax é enorme. São vários álbuns de diferentes qualidades editados no Senegal e no resto do mundo. Os mais entendidos dizem que para se conhecer o verdadeiro “You” não faz muito sentido comprar os álbuns "The Guide" ou "Joko" (este último, para mim, é a síntese do rei). Esses discos são pouco conhecidos no Senegal, dizem. Por aqui, nem se fala… os senegaleses “mais terra a terra” aconselham Lii! Set ou Eyes Open, dignos representantes do verdadeiro Mbalax, confirmam.
Apesar do seu grande valor, N´dour tem sido especialista em super vendas através de duetos. Foi assim com Axelle Red, Peter Gabriel, Néné Chéri, Pascal Obispo e outros.
Tudo isso para compartilhar o título do rei “You” de vencedor do Grammy 2005 na categoria de melhor álbum da World Music.

20 de fevereiro de 2005

Festival de Berlim

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O filme "U-Carmen e Khayelitsha" conquistou o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim, noticia a agência internacional France Press. A produção sul-africana é uma transposição da ópera "Cármen" de George Bizet para uma favela da Cidade do Cabo. O cineasta britânico Mark Dornford-May, que já havia montado "Cármen" num palco da África do Sul, conseguiu adaptar a obra ao contexto sul-africano os amores de Cármen e de Don José, uma das óperas mais populares do mundo com o acréscimo de os textos terem sido traduzidos em idioma xhosa.Cármen é encarnada pela actriz sul-africana Paulina Malefane, que já conhecia a obra de Bizet por ter participado de diversas produções de "Cármen". Malefane ficou surpresa com o êxito da adaptação, mas ao mesmo tempo considerou que “Cármen” é uma história de amor que poderia ter acontecido em qualquer lugar.
Se quiser saber mais sobre a presença de filmes africanos no Festival de Berlim, basta clicar aqui.

Nôs Música

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A Associação Cesária Évora organiza, este ano, a segunda edição do prémio Nôs Música em Mindelo a 1 de Abril de 2005.
Uma declaração prestada pela organização ao site CVmusicworld.com confirma que todos os artistas cabo-verdianos residentes nas ilhas ou na diáspora podem concorrer aos prémios deste ano. As inscrições deverão ser feitas durante os meses de Fevereiro e Março e os vencedores anunciados a 1 de Abril, durante a cerimónia.
O prémio Nôs Música pretende homenagear os artistas nas categorias de melhor banda, melhor cantor e cantora, melhor grupo de Hip Hop, melhor compositor, melhor música, e finalmente a revelação do ano 2004.
Esta iniciativa posiciona-se como um reconhecimento aos artistas que contribuíram para o engrandecimento da cultura cabo-verdiana, referencia o site. Os fans poderão votar nos seus eleitos por via da Internet, telefone, ou pessoalmente no local, que será oportunamente anunciado.

Fonte: CVmusicworld.com

19 de fevereiro de 2005

Direito Autoral

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O Direito do Autor é hoje um assunto actual entre os criadores da cultura em Cabo Verde, que se vêem a braços com a pirataria, que ameaça a economia dos que investem, principalmente na produção da música. Com o advento da Internet a coisa ficou feia. O jornal A Semana traz na sua última edição uma reportagem sobre o assunto e hoje decorre um encontro alargado na Biblioteca Nacional, na Praia, com vista à criação da Sociedade Cabo-verdiana de autores.
O que chama a minha atenção não é bem isso, entretanto. O meu interesse reside nos contornos que ganharam este mesmo assunto a nível internacional com os chamados Creative Commons: um projecto criado pelo Professor Lawrence Lessig, com sede na Universidade de Stanford. Mais de dez países já fazem parte do Creative Commons, tendo o Brasil sido pioneiro, juntamente com a Finlândia e o Japão.
O princípio proibitivo é a marca do direito autoral “clássico”. Qualquer pessoa que pretenda utilizar qualquer rabisco do outro tem de pedir permissão, pagar uma taxa, ou coisa pior – não tem sido a realidade nacional, por um atraso nosso, mas é esta a ideia que partilhamos, aliás, patente nos discos editados entre nós. É pena estarmos só agora a ansiar por uma SOCA. Leia +

17 de fevereiro de 2005

Dia da Cultura

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O deputado do PTS, Jorge Silva, pretende apresentar ao Parlamento Cabo-verdiano uma proposta para a criação do Dia Nacional da Cultura, tendo como patrono o poeta, ensaísta, compositor e cronista Eugénio Tavares. A ideia parece ter caído no agrado de vários criadores nacionais que olham Eugénio Tavares como uma figura transversal de várias artes e como polemista de questões que continuam actuais. Autor de artigos e de poemas que marcaram a literatura cabo-verdiana, Tavares foi também um crioulista convicto, tendo valorizado a sua língua materna nas letras das suas memoráveis mornas de que Hora Di Bai é paradigma.
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O poeta Filinto Elísio apresenta no próximo sábado, no Mindelo, um recital poético intitulado Das Frutas Serenadas. O projecto de apresentação inclui duas horas de declamação poética, música, projecção multimédia, coreografia e mímica. A novidade deste recital reside na simbiose entre a recitação e a dança. Além de Filinto Elísio, o reportório inclui a participação de artistas conhecidos, como o músico Mário Lúcio, o dançarino Mano Preto, o plástico Tchalé Figueira e o dramaturgo João Branco. Serão cinco homens no palco do pub do Mindel Hotel, a celebrar o amor e o erotismo. Segundo Filinto Elísio, os poemas (dele e de vários outros autores universais) são de natureza sensual. Além dos poemas do livro inédito Das Fritas Serenadas, de Filinto Elísio, foram incluídos no reportório versos de Sophia de Mello Breyner, Carlos Drummond de Andrade, Pablo Neruda, Walt Withman, Leopold Sédar Senghor, Paulo Leminsky e Eugénio de Andrade.

16 de fevereiro de 2005

Pêro Vaz de Caminha

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A UNESCO aceitou a candidatura da Carta de Pêro Vaz de Caminha (escrita do Brasil em 1 de Maio de 1500 ao Rei D.Manuel I) à classificação na Lista do Registo da Memória do Mundo. Numa reunião que acontece em Junho próximo, a UNESCO irá analisar a candidatura portuguesa e decidir sobre a integração da Carta.
O Programa da UNESCO “Memória do Mundo” foi criado em 1992 para salvaguardar o património documental da humanidade, melhorar o acesso ao mesmo e revelar, em certos casos, a sua existência e o grande interesse de que se reveste.

Fonte: Unesco (PT)

Estrelas em dueto


"Elle Chante” é o título de um dueto cantado em francês e criolo pelo conhecido músico francês Bernard Lavilliers e pela diva cabo-verdiana Cesária Évora.
Bernard Lavilliers segue a sua trajectória de cidadão do mundo gravando aquilo que acredita ser música de qualidade. Ele tem um amigo músico em cada porto, no Brasil, passando por Nova Iorque, Paris e agora Cabo Verde. Foi no Mindelo onde os dois artistas gravaram o videoclipe da canção “Elle chante”. Uma pérola que a Televisão Nacional e a TV5 emitem, desde ontem – um intercalar de rostos de todos os tipos e feições, em perfeita sintonia com o som e a voz. Uma homenagem à cantora cabo-verdiana, diz Lavilliers.
Cesária Évora tem também aventurado por esse caminho. Antes de Lavilliers, gravara com Caetano Veloso e Salif Keita.
Musicalmente os fans de Lavilliers se reconhecem num terreno comum: sempre apaixonado pela música brasileira que constitui de alguma forma a sua gramática musical, já que escreve e canta com um fundo de guitarra bossa, Lavilliers transita habilmente entre as músicas latinas, os ritmos caribenhos e africanos.
Militante do partido Comunista Francês, Bernard Lavilliers não faz nenhuma associação entre sua música e a militância política. Para ele, sua música não tem muito a ver com seu posicionamento político-ideológico: “Canto sobre o amor, a vida. Sou um militante, mas também sou um artista. Minha posição política é uma coisa bem pessoal”.

Com lavilliers.ch

15 de fevereiro de 2005

Conberso Sabi

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Este é o nome do mais novo espaço cultural da Televisão de Cabo Verde. Um programa editado e apresentado pela jornalista Matilde Dias que versa sobre a análise de questões culturais nacionais.
A estreia foi um brinde para os telespectadores que há muito ansiavam por uma conversa concreta e rica sobre a cultura na nossa telinha. O Ministro da Cultura, Manuel Veiga, o poeta Filinto Elísio e o artista plástico, Leão Lopes fizeram convergir no “Conberso Sabi” ideias várias sobre a política cultural e o modelo de intervenção do estado na dinamização da cultura.
Nada ficou definido, e não se pretendia isso, mas os dados foram lançados. Ficou claro que o Ministério da Cultura deve melhorar os mecanismos de comunicação com os operadores culturais, no sentido de se fazer presente junto destes e de dar a conhecer a sua estratégica à sociedade civil. Leia mais

12 de fevereiro de 2005

Funcionalismo régio e insular em livro

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A historiadora Zelinda Cohen vai publicar brevemente a sua obra “Controle e resistência no quadro do funcionalismo régio e insular”. Tema de sua dissertaçao de mestrado defendida em 1999 na Universidade Nova de Lisboa, que mostra como se construiu a administração em cabo verde, a partir das perspectivas do centro e dos agentes da periferia.
A autora trabalhou os mecanismos de controle e resistência e o papel que este desempenhou na dinâmica do funcionalismo régio nas ilhas. A obra confirma que todo o sistema de administração tem uma contradição entre o controle e a resistência.
O trabalho de Cohen começa a narrar a soberania régia sobre o espaço descoberto e ao longo da dissertaçao, à par da historia, debruça sobre questões jurídicas e da administração.
Zelinda Cohen é co-autora dos tres volumes da Historia Geral de Cabo Verde, e autora de vários artigos em jornais e revistas especializadas nacionais e estrangeiras.

Festival da Gamboa homenageia Biloca

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A Câmara Municipal da Praia já escolheu o artista que vai ser homenageado, este ano, no Festival de musica da Gamboa. Abílio Sereno Barbosa Évora, vulgo Biloca. Falecido aos 50 anos de idade em 1987 Biloca foi cantor, compositor e tocador de guitarra portuguesa.O artista foi companheiro de todas as horas de Djudja, Frank Mimita, Anu Nobu e muitos outros.
A Câmara Municipal da Praia já traçou as linhas mestras do Festival de Gamboa deste ano. Entretanto, está, ainda, por definir os artistas participantes. De salientar que esta é a terceira homenagem que a edilidade praiense presta a um músico, tendo contemplado nos anos anteriores Orlando Pantera e Gil Semedo.

10 de fevereiro de 2005

Evocações de Spinola

Livros

Evocações” é o título do novo livro do escritor cabo-verdiano Dany Spinola, a ser lançado no próximo dia 22 de Fevereiro, na Biblioteca Nacional, na Praia, e no dia 25 no Sal. Um livro de crónicas, ensaios e entrevistas que versa sobre a cultura cabo-verdiana.

Dany Spinola pertence à geração dos novíssimos poetas cabo-verdianos e foi um dos fundadores do movimento Pró-cultura em 1986.

O autor é também artista plástico, e tem-se dedicado ao jornalismo e ao ensino. Actualmente vive em Viena, Áustria, mas se encontra em Cavo Verde para o lançamento. “Evocações” é o seu nono livro lançado. A apresentação estará a cargo do filósofo, Tomé Varela.

9 de fevereiro de 2005

Ponte lusófona

Ponte

Pensando igual” é o titulo de uma obra conjunta de Mia Couto, Moacyr Sclair e Alberto da Costa e Silva, renomados escritores moçambicano e brasileiros, respectivamente. Os escritores, todos membros da Academia Brasileira de Letras, sendo Mia Couto, por correspondência, quiseram com a obra “dar um passo para a aproximação dos povos brasileiro e moçambicano que se desconhecem mutuamente", apesar das suas raízes negras.
Para Moacyr Sclair, sendo a literatura dos dois países imbuída de uma forte componente apelativa e que retrata o quotidiano e o drama das pessoas, vai funcionar como um elo de ligação.
Mia Couto acredita ainda que o livro “Pensando Igual” vai contribuir para desmistificar a ideia que os afrodescendentes brasileiros têm da Africa. “Uma ideia fixada em sinais do passado” e que precisa ser actualizada.
A obra composta por três capítulos, foi publicada pela Moçambique Editora e lançada esta semana em Maputo.

Fonte: RTP África

Direito do Mar em Cabo Verde

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Cabo Verde e o Direito do Mar, a preservação dos recursos marinhos à luz da Convenção de Montego Bay e da Legislação de Cabo Verde” é o título do livro do Jurista, Januário Nascimento, a ser lançado no dia 28 de Fevereiro, na Biblioteca Nacional.
A obra é o resultado da dissertação de mestrado de Nascimento, defendida no Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil.
No dizer do prefaciador, o Professor Chistian Guy Caubet “ a obra objectiva examinar o contexto dentro do qual se processa o aproveitamento dos recursos marinhos de Cabo Verde”.
Faz um traçado da evolução histórica do Direito do Mar, e analisa a preservação dos recursos marinhos à luz da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do mar, de 1982, ou Convenção de Montego Bay, como é usualmente conhecida.
Análises sobre a poluição marinha, a preservação dos recursos marinhos à luz da legislação cabo-verdiana e a proposta de uma nova legislação das pescas também fazem parte da obra.
O posfácio do livro é da responsabilidade de José Luís de Jesus, um dos criadores da Fundação Internacional para os Direitos do Mar. Referenciou o mérito do trabalho no sentido de despertar o leitor para esta área do saber jurídico pouco conhecida em Cabo Verde, mesmo no meio dos juristas.
Januário Nascimento é deputado do PAICV e presidente da Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento, ADAD.

7 de fevereiro de 2005

Jazz garante noite de sono

Dizzy Gillespie
Dizzy Gillespie


Visãonews publicou esta semana uma notícia bastante animadora. “Apenas 45 minutos de música relaxante antes de dormir podem ser o suficiente para garantir uma boa noite de sono, segundo pesquisadores de Taiwan”, diz o jornal.
Os especialistas que avaliaram os padrões de sono de 60 pacientes, afirmaram que a técnica é fácil de aprender e não tem efeitos colaterais.
De acordo com os pesquisadores “ouvir música provoca mudanças físicas que ajudam o sono repousante, incluindo ritmo mais baixo de respiração e do coração”.
É quase regra, e nossas rádios confirmam isso, que música lenta à noite ajuda no sono, mas agora, depois dessa comprovação científica não custa nada redobrar a dose. Praia FM, Rádio Criola, RCV, Rádio Comercial e Rádio Educativa contribuam para o nosso sono, oferecendo-nos jazz, muita orquestração e baladas. Os ouvintes agradecem.

Carnaval: folia, força e organização

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Este ano o Carnaval em Cabo Verde apresenta muita folia, beleza e plasticidade. O Ministro da Cultura, Manuel Veiga, defendeu, a partir de S. Nicolau, onde foi conferir a folia da festa do Rei Momo, a necessidade de se apostar mais na organização do Carnaval, para que essa manifestação cultural possa ter alguma auto sustentabilidade. Nós acrescentamos que, com mais propriedade em São Vicente, onde a tradição do Rei Momo é levada mais a sério e o arrastão da alegria mobiliza milhares de pessoas. Já são muitas as vozes que reclamam uma atenção especial para o Carnaval de São Vicente que pode não só ser auto sustentável, como gerar riquezas. O Carnaval do Mindelo, como festa popular, só tem paralelo nas Festas do 1º de Maio, em São Filipe. No Mindelo, este ano o cortejo terá um intervalo de 20 minutos a separar os blocos, pela seguinte ordem de saí­da: Ribeira Bote, Sonhos sem Limite, Baianas do Mindelo, Flor de Alecrim, Calhau e Veteranos e, finalmente, Jovens de Monte Sossego. Todos partem da avenida Marginal e seguem o percurso Rua de Lisboa, avenida Baltasar Lopes da Silva, Praça Nova, Avenida 5 de Julho e Rua Senna Barcelos, em direcção, de novo, a avenida Marginal.

4 de fevereiro de 2005

A estilização do Funaná

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Um dos subtítulos (Rescrever a história) de uma entrevista com o dramaturgo e ensaísta, Francisco Fragoso, publicada, ontem, no semanário "Expresso das Ilhas" chamou a minha atenção. Segundo as declarações de Fragoso, avançadas nessa entrevista, teria sido ele a dar os primeiros passos para a estilização do batuque e do funaná – feito histórico atribuído ao malogrado músico Katchás.

Segundo Fragoso, a estilização “no bom sentido” surge, quando ele teve que levar o Batuque, a Tabanka e o Funaná ao palco. “No palco tem de ser estilizado”, teria defendido, na altura. Fragoso afirma ter dado uma nova dinâmica e uma nova perspectiva estética a esses estilos musicais, e sublinha na entrevista que antes de Korda Kauberdi, e antes dele, nunca se tinha feito isso.

O dramaturgo conta na matéria que enquanto estudante, conheceu Katchás em França, e permitiu que ensaiasse na Associação recém criada pelos estudantes. Foi nessa fase que o teria aconselhado a deixar de lado o rock e a voltar às suas raízes. “A única coisa que Katchás fez foi introduzir instrumentos electrónicos nas peças musicais” sentencia.

É bom frisar que Funaná, batuque e tabanka são ritmos e manifestações culturais com fortes raízes negras, e assim como em outras paragens com experiências de colonização, foram largamente discriminados e ditados à marginalização.

Mais um prémio?

José Luis Tavares

"Paraíso Apagado por um Trovão", do poeta cabo-verdiano José Luís Tavares, é uma das dez obras indicadas para o Prémio Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa.
O vencedor será anunciado no dia 16 de Fevereiro de 2005, na cerimónia de abertura de Correntes d' Escritas, em Póvoa do Varzim.
São ao todo 60 autores a participar neste encontro de escritores de expressão ibérica oriundos de Portugal, Angola, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe Cabo Verde, e outros.

O livro “Paraíso Apagado por um Trovão” tinha sido galardoado pela Fundação Calouste Gulbenkian com o Prémio Mário António.
O prémio Correntes d`Escritas foi instituído pela Câmara Municipal Póvoa de Varzim com o objectivo de galardoar trabalhos literários escritos em língua portuguesa, castelhana e hispânica.
José Luís Tavares é natural de Chão Bom, Concelho do Tarrafal, interior da ilha de Santiago. No ano passado, a quando do lançamento da sua obra em Cabo Verde, fora homenageado, na terra que o viu nascer, no âmbito do Festival cultural, "Festa Graciosa".

Com A Semana/Paralelo14

3 de fevereiro de 2005

Prémio Literário

A última edição da publicação literária de Portugal, Jornal de Letras, traz um anúncio sobre o Prémio Literário José Saramago, 4ª edição. Uma iniciativa da Fundação Círculo de Leitores, que celebra a atribuição do prémio Nobel da literatura de 1998, o escritor José Saramago, e destina-se a promover a divulgação da cultura e do património literário em língua portuguesa.

As candidaturas deste ano estão abertas até ao dia 30 de Abril próximo. Podem candidatar-se ao Prémio, grandes autores nos domínios de ficção, romance ou novela, em língua portuguesa. Escritores com idade superior a 35 anos, cuja obra tenha sido publicada em qualquer dos países lusófonos.
No caso de Cabo Verde oportunamente, a divulgação será feita junto da Associação dos Escritores de Cabo Verde e nos meios de comunicação social.

Caboverdiano na final

Campeonato nacional da Lingua portuguesa

Um adolescente cabo-verdiano, natural do Mindelo, está entre os 194 concorrentes apurados para a final do Campeonato nacional da Língua portuguesa a realizar no próximo dia 12 de Fevereiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A lista dos finalistas pode ser consultada no site oficial do campeonato.

Na final a ser transmitida, em directo, pelo canal televisivo SIC Notícias os concorrentes terão de responder a um questionário e fazer um ditado. Os três grandes vencedores vão ganhar um computador portátil e uma viagem a Egipto, com direito a uma visita à Biblioteca de Alexandria.

Foram no total 500 cabo-verdianos de diversos sectores e idades que concorreram ao Campeonato Nacional da Língua Portuguesa. Veio a público, inclusive, uma provável candidatura do escritor Germano Almeida, o que não seria de todo descabido, mas a esta afirmação surgiram-se desmentidos, pelo que desconhecemos ao certo os contornos dessa (não) candidatura.

O Campeonato Nacional da Língua Portuguesa é uma iniciativa inédita e conjunta do jornal Expresso, do Jornal de Letras e da SIC Notícias.

Com Jornal de letras, artes e ideias

2 de fevereiro de 2005

Das Hespérides

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“Das Hespérides” - fotografias, prosa e verso - é o novo livro do escritor cabo-verdiano Filinto Elísio Correia e Silva, editado desta feita pela Universal Frontier SA. A obra, editada na famosa gráfica artística de Florença, a Conti Tipocolor, apresenta textos de Filinto Elísio e fotografias sobre as ilhas de Cabo Verde de Sergey Suvorov, Pavel Leskov, Osvaldo Furtado, Gerald Nowak, Gerald Kappfer e Bernhard Schmidt. Segundo Filinto Elísio, o mito hesperitano continua “presente no vate poético cabo-verdiano e vale a pena sentir (e pressentir) Cabo Verde, a partir da perspectiva quase mitológica”. Sendo quarta obra do escritor, “Das Hespérides” será lançada na cidade da Praia, em fins de Fevereiro, e, em Portugal, oportunamente. Filinto Elísio tem três livros já publicados, a saber: “Do lado de Cá da Rosa” (poesia), “Prato do Dia” (crónica) e “O Inferno do Riso” (poesia).

1 de fevereiro de 2005

"O cangaceiro" na Praia

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Serão exibidos, às quartas-feiras de Fevereiro, filmes brasileiros no Centro Cultural Francês da Praia. Já amanhã, 2 de Fevereiro, os amantes da sétima arte da capital poderão assistir Independência ou morte.
O Cangaceiro, produzido em 1953 por Lima Barreto e considerado por muito tempo o único cartão de visitas do Cinema Brasileiro no mundo será apresentado no dia 16. Um faroeste premiado no Festival de Cannes na categoria “Filme de Aventura", e a primeira produção brasileira a retratar uma saga genuinamente nacional. Boca de Ouro é outro cartaz do cinema brasileiro a ser exibido no dia 23. O horário dos filmes é fixo: 20h30.

Este mês o CCF será também palco de conferências: “Sobre os traços de Marcel Proust” é o tema de uma palestra sobre a língua francesa em Cabo Verde, a ser proferida por Joelle Féral. Uma comunicação que terá como pano de fundo a obra do escritor francês Marcel Proust. Esta actividade acontece no dia 4 de Fevereiro, às 18h30, e antecede a projecção do filme “Le temps retrouvé” do realizador Raoul Ruiz.

Uma exposição sobre a vida e obra de 22 escritores francófonos da África, das Caraíbas e do Oceano Indico é outro destaque deste mês no CCF da Praia. A exposição decorre de 7 de Fevereiro a 4 de Março.
Por fim, porque não podemos nos prescindir da música nestas ilhas, no dia 18, Bino e o seu grupo sacodem o plateau a partir das 18h30. Para o dia 25, o embalo estará a cargo da doçura de Teresinha Araújo das 21h30 até "às tantas" da noite.