29 de abril de 2005

Pessoas recitam Pessoa na RTP África

ExampleOs cabo-verdianos vão poder assistir, em Junho próximo, poesias de Fernando Pessoa recitadas por actores, músicos e jornalistas portugueses, através da emissão da RTP África. A iniciativa conjunta da Casa Fernando Pessoa e do canal público de Portugal acontece no âmbito da comemoração do aniversário do nascimento do poeta (13 de Junho de 1888).
Intitulada "Pessoas dizem Pessoa", a iniciativa conta com a colaboração da Fundação Luso-Brasileira e integra-se no programa "Voz", que vai ser emitido várias vezes ao dia, excluindo sábados e domingos.
O actor Diogo Infante e o jornalista José Alberto Carvalho são algumas figuras que conhecemos que lerão os poemas.
Está aí uma atitude que a Televisão Nacional devia emitar, até porque já houve tentativas, a esse nível, sem continuidade, infelizmente.

Pessoana: uma viagem necessária ao mundo de Pessoa.

27 de abril de 2005

Gamboa 2005: afinal é Raça Negra

Example
Tomamos conhecimento e induzimos os nossos leitores ao erro de que o grupo brasileiro Cidade Negra participaria no Festival da Gamboa deste ano. Seria bom se fosse verdade como comentou um visitante. De todo o modo, continua real a nossa admiração pelo Cidade Negra, e já agora, aproveitamos para pedir vivos aplausos também à Raça Negra em Maio próximo. Não vamos ter reggae, nem a voz do Tony Garrido, vai ser samba à moda paulista.
Criada na periferia da Zona Leste de São Paulo em 1983, o Raça Negra foi um dos primeiros grupos a adoptar um estilo de samba carregado no romantismo. Inicialmente como um trio, a banda gravou seu primeiro disco, já com 7 integrantes, oito anos depois de ser criada, em 1991. Com mais de dez discos lançados, o Raça Negra é um dos maiores fenómenos de venda da história da música brasileira, já tendo atingido a marca de 20 milhões de cópias vendidas.

26 de abril de 2005

Daniel Pereira homenageia Carreira

ExampleNo período em que a Cidade de S.Filipe comemora mais um dia dedicado ao seu Santo Padroeiro - 1º de Maio - tendo em mente os muitos bons momentos que vive a ilha nessa data, o Fogo recebe mais uma boa notícia. Uma homenagem em livro do Historiador Daniel Pereira ao seu filho ilustre, António Carreira.
«Apontamentos históricos sobre a Ilha do Fogo» é o título da mais recente obra do historiador a ser lançada, no próximo dia 5, no Centro Cultural Português na Praia às 18h30mn. A apresentação vai estar a cargo de Eutrópio Lima da Cruz e José Maria Semedo. A obra que será editada também em inglês, pensando na Comunidade cabo-verdiana nos Estados Unidos, será oportunamente lançada no Fogo.
Ainda este ano, o autor vai lançar mais duas obras: «Manual de História de Cabo Verde» e «Santiago de Cabo Verde na rota dos escravos». Pereira pretende igualmente reeditar outros dois, tendo a revisão já sido feita: os «Marcos cronológicos da Cidade Velha» e «Estudos da História de Cabo Verde», este último com lançamento previsto para o mês de Junho.
Daniel Pereira, em declaração ao A semana online avançou que o «Manual de História de Cabo Verde» foi pensado para o ensino secundário e já foi entregue ao Ministério da Educação e Valorização de Recursos Humanos.

Fonte: A Semana online

25 de abril de 2005

O 25 de Abril em Cabo Verde

ExampleO Centro Cultural Português – Instituto Camões (CCP-IC) da Cidade da Praia, Cabo Verde, escolheu a gastronomia e a música tradicional alentejana como "prato principal" das comemorações do 31º Aniversário do 25 de Abril.
As iniciativas programadas para hoje, dia da Revolução dos Cravos, assentam numa mostra gastronómica alentejana que será aberta logo após a inauguração de uma exposição de cartazes ilustrados com motivos intrínsecos ao 25 de Abril.
A exposição é organizada pelo Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra, e é supervisionada pelo professor Boaventura Sousa Santos.
Outro ponto alto das comemorações do 25 de Abril na Cidade da Praia, vai ser o espectáculo de Mário Lúcio na quinta-feira (28), intitulado reencontro. Uma forma, no dizer do artista, de festejar mais uma tarde de vida, numa noite qualquer. Um reencontro para contar sobre os dias e os momentos do ano que passou. De realçar que o criador de Mar e Luz, actuou na Cidade da Praia, apenas duas vezes depois do lançamento do seu último disco.

C/ Lusa

Um testemunho...

Leia uma entrevista interessante com Edmundo Pedro, ex. preso político português no Tarrafal. Seleccionamos o extracto relacionado com o ex. Campo de Concentração. Leia a entrevista completa de José Pedro George no Esplanar.
Example
JPG – E o Tarrafal?

EP – Fui enviado para o Tarrafal sem qualquer julgamento. Entrei para lá com 17 anos, em Outubro de 1936, e saí com 27 anos, em 1945, com a amnistia do fim da guerra. Era o preso mais novo do Tarrafal. Deixei a minha juventude toda no Tarrafal. Fui com o meu pai no mesmo barco. Ele estava em Angra do Heroísmo, eu em Peniche. Foi uma leva daqui juntamente com aqueles marinheiros da Revolta da Armada de 8 de Setembro de 1936. Passámos nos Açores e depois seguimos para Cabo Verde.

JPG – Como passava o tempo na prisão?

EP – Para além de partir pedra, como em qualquer regime prisional, continuei a estudar. Estudei cálculo integral, electrónica, radiotécnia. Aprendi sozinho e ajudado principalmente pelo Bento Gonçalves. Costumava sentar-me junto à cama do Bento Gonçalves, a aprender marxismo e álgebra. O Bento Gonçalves morreu no Tarrafal, com uma biliosa anúrica. Também estava lá o Alberto Araújo, filólogo, deu-me aulas de português. Saiu de lá tuberculoso. E depois aprendi também línguas, francês, inglês, alemão… aprendi toda a gramática alemã na prisão. Mas não era fácil. Custou-me muito sacrifício, porque era tudo feito fora das horas de trabalho.

JPG – Tentou fugir?

EP – Tomei parte em duas fugas, uma colectiva, organizada pelo PCP, outra à margem do Partido. O PCP reservava-se o direito de escolher quem é que devia fugir. Como membro do partido, submetia-a à sua disciplina. Eu estava de acordo com esse princípio, porque achava que quem devia tentar fugir eram aqueles que faziam mais falta cá fora, os quadros mais importantes, mais experientes. A certa altura convenci-me que eles não fugiam nem deixavam fugir. Que a disciplina do partido era mais impeditiva da fuga que os guardas, o arame farpado, a vala, o talude, os sentinelas. Porque é que haveria de aceitar uma disciplina que era totalmente inoperante? Então pensei que a única maneira era calar-me, organizar uma fuga sem dizer nada. Juntámo-nos cinco, eu, o meu pai e mais três companheiros. Foi em 1943.
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Foto: Edmundo Pedro com 16 anos, à esquerda

23 de abril de 2005

Colónia Penal do Tarrafal: 69 anos depois

A equipa do Monumentos e Sítios esteve nos três últimos dias a gravar mais uma edição do programa, desta feita sobre a ex. Colónia Penal do Tarrafal. Durante esses dias, à par das pequenas curiosidades sobre o ex. Campo que chegavam até nós e das várias histórias que nos contavam sobre as formas de interacção da população para com o espaço, figurou-nos particularmente curioso o comentário do jovem condutor que nos acompanhava: “N´ca sabia ma Campo tinha tanto história si!”
Um jovem dos seus vinte e poucos anos, nascido e crescido na Vila do Tarrafal, situada a aproximadamente quatro quilómetros da ex. Colónia penal.
Um sítio mandado construir a 23 de Abril de 1939 pelo governo colonial português chefiado por António Oliveira Salazar para albergar presos políticos e sociais.
Isto para ilustrar que os jovens do Tarrafal e de Cabo Verde desconhecem a história de sofrimento, dor e resistência que conta o espaço. Hoje, no dia que completam 69 anos da criação da Colónia Penal, o ex. Comandante militar, Júlio Monteiro, promove uma visita guiada ao ex. Campo com as associações juvenis do Concelho do Tarrafal. Monteiro foi responsável pelo treinamento militar no ex. Campo, depois da Independência Nacional e alimenta o sonho de um dia ver o sítio transformado em museu e numa escola profissional para jovens.
O projecto sobre a ex. Colónia Penal de que se ouve falar diz respeito à sua transformação em museu de resistência.
Lamentável, entretanto, é o estado de conservação do espaço: grades que caem, tectos e paredes em ruína e a aparência de um total abandono. As pequenas intervenções havidas no ex. Campo são insignificantes diante do peso da memória que carrega. O Edil local, diz, entretanto, estar certo, de que dentro de um ano a ex. Colónia Penal de Cabo Verde poderá vir a ser digno de lugar de memória.

19 de abril de 2005

O 25 de Abril e as Independências das colónias

ExampleO Centro de Documentação 25 de Abril e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra estão a organizar um Seminário subordinado ao tema “O 25 de Abril e as Independências das colónias” que irá ter lugar no próximo dia 30 de Abril, entre as 11h e as 18 horas (hora de Lisboa) no auditório da Faculdade de Economia.
A iniciativa tem por objectivo alargar a leitura do 25 de Abril, como um momento amplo de procura de entendimentos sobre a ligação entre Portugal e os espaços que, à altura da revolução de Abril, se designava de ‘ultramar português’. A questão colonial – expressa de forma violenta através da guerra que se vivia em vários destes territórios – tem ela mesma várias leituras. De um lado esta é (re)vivida como ‘a guerra colonial’, enquanto que, para os movimentos nacionalistas, este processo é referido como ‘lutas de libertação nacional’. O impacto da revolução de Abril foi pôr termo ao regime fascista em Portugal; para o espaço colonial, a luta era contra o colonialismo de Portugal, pelas independências nacionais.
A intenção da organização é trazer o 25 de Abril, nas suas múltiplas vertentes, à história de uma camada estudantil que, nascida na sua maioria já em espaços pós-coloniais, tem tido pouco contacto e momentos de reflexão sobre a importância deste momento;
Pretende-se ainda permitir uma leitura mais ampla dos sentidos do 25 de Abril e das independências africanas e de Timor-leste;
Por fim, a ideia é transformar este encontro numa festa de todos – Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tome e Príncipe, Timor.
Esta iniciativa figura também como o resgate de uma história de há 30 anos e uma possibilidade de diálogo entre vários actores de várias gerações, que vai possibilitar uma reflexão mais alargada das realidades que intervém no processo. Da parte de Cabo Verde, além de estudantes, vai participar no evento o Embaixador cabo-verdiano em Portugal, Onésimo da Silveira.

Fonte: A organização

"A Saudade do futuro no abraço do presente"

ExampleO auditório do Centro Cultural do Mindelo recebe, hoje, às 21:30, “A Saudade do Futuro no abraço do presente”, o mais recente trabalho da Companhia de Dança de Lisboa. Um espectáculo montado por José Manuel de Oliveira, que teve direito a uma antiestreia no passado mês de Novembro nas terras de Vera Cruz.
Será um momento de harmoniosa mistura de música e dança, numa clara alusão ao encontro de povos e culturas que têm o mar como elo de ligação.
Um trabalho fundado em diferentes técnicas de dança, desde a clássica, passando pela moderna e contemporânea, mas sobretudo concebido com profundo respeito pelo público e pelos objectivos a que se propõe o grupo, afirma José Manuel.
O espectáculo é uma homenagem à poetisa portuguesa, Sophia de Mello Breyner, ao cantor cabo-verdiano Ildo Lobo, a Amílcar Cabral e ao brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Figuras que enquanto vivas foram representativas no plano das relações entre os povos de língua portuguesa.
A vinda da Companhia a Cabo Verde foi possível graças aos apoios do Ministério da Cultura e do Instituto Camões.
A Companhia de Dança de Lisboa estará presente nas Comemorações do trigésimo aniversário da independência de Cabo Verde.

Fonte: Jornal da Noite

18 de abril de 2005

Recordar Marinha de Campos

ExampleArtur Marinha de Campos, nomeado Governador-Geral de Cabo Verde, em 1910, foi a primeira figura de proa a defender a independência das ilhas de Cabo Verde, por isso mesmo permaneceu apenas 4 meses no cargo.
A passagem meteórica do primeiro governador republicano nomeado para estas ilhas marcou por vários motivos a história de Cabo Verde.
Foi nesse período que aconteceu a greve dos trabalhadores das companhias carvoeiras, a revolta da guarnição da canhoeira Zambeze, e a “alteração da ordem pública”, em Santa Catarina, Santiago, segundo consta, com apoio expresso do Governador. A Rebelião dos rendeiros da região do Ribeirão Manuel que recusaram pagar rendas aos morgados e passaram a colher sementes da purgueira, provocando a intervenção da polícia rural, é um acontecimento que marcou o imaginário do povo das ilhas. O actual Ministro da Cultura, Manuel Veiga, prometeu recentemente erguer um monumento em Ribeirão Manuel para eternizar esse tempo.
A estada de Marinha de Campos em Cabo Verde foi positivo, a todos os níveis.
Foi a 1 de Março de 1911, que saiu na cidade Praia, o primeiro número do jornal A VOZ DE CABO VERDE, sem a voz descordante do Governador.
Com estas notas de memória, "os momentos" saúda o dia internacional dos "Monumentos e Sítios" comemorado hoje.

15 de abril de 2005

Prémio para Germano Almeida

ExampleO escritor cabo-verdiano, Germano Almeida, ganha Prémio Fundação Casa da Cultura, edição 2004, como personalidade cabo-verdiana que contribuiu de forma relevante para a promoção da língua de Camões, noticía o jornal A Semana, na sua edição de hoje. Almeida, numa reacção ao Semanário, confessou ser “um apaixonado da língua portuguesa. O Prémio da Fundação Casa da Cultura”, avança o escritor, “só me dá prazer e fico contente porque não estava à espera”.
O Prémio que surpreendeu Germano, como o mesmo admitiu, está na sua quinta edição e é bienal, tendo sido criado com o intuito de distinguir personalidades ou instituições que contribuíram, a nível cultural e científico, para o engrandecimento dos povos e culturas lusófonos. Em 2003 foi parar às mãos do embaixador e historiador brasileiro Dário Castro Alves, especialista em história da África. Por estas bandas africanas, já chegou também a receber esse Prémio a pedagoga e escritora angolana Gabriela Antunes.

Bibliografia do escritor

Tradutor de "Chiquinho" ganha Prémio

ExampleNo âmbito da iniciativa “2005 – Ano temático do Livro e da leitura em Barcelona” foi entregue ao Tradutor da Universidade Central de Barcelona, Pere Comellas, o prémio Giovanni Pontiero, pela tradução para catalão da obra “Chiquinho” do escritor cabo-verdiano Baltazar Lopes (1907-1989).
Pere Comellas é professor de Língua Portuguesa e de Literatura Africana na Universidade Central de Barcelona.
O livro “Chiquinho” publicado em 1947, é considerado um marco da ficção cabo-verdiana contemporânea. Baltazar Lopes foi membro de Claridade, movimento literário que dá a conhecer ao mundo a realidade sociológica e o flagelo das fomes que caracterizou as ilhas.
O prémio Giovanni Pontiero foi criado com o objectivo de prestigiar a tradução literária de qualidade, que tem por fim último aproximar e divulgar culturas através dos seus criadores literários.
Na sua quinta edição, este prémio, cujo patrono é o tradutor de português inglês, Giovanni Pontiero, já conseguiu reunir em Barcelona grandes figuras da literatura em língua portuguesa, entre eles, o cabo-verdiano Germano Almeida.

14 de abril de 2005

Cabo Verde e Brasil cantam o modernismo

O embaixador do Brasil em Cabo Verde, Victor Gobato, realiza, hoje, em sua residência, na Capital, um jantar/tertúlia, no âmbito da visita a Cabo Verde do literato brasileiro Lauro Moreira, na qualidade de Director-Geral da Agência brasileira de Cooperação. Jorge BarbosaA tertúlia é de resto uma oportunidade impar de se falar sobre dois marcos do modernismo cabo-verdiano e brasileiro, Jorge Barbosa e Manuel Bandeira, respectivamente, e cantar os seus legados.
Jorge Barbosa é considerado o pioneiro da moderna poesia cabo-verdiana. Foi um dos promotores do movimento de emancipação cultural de Cabo Verde que dá a conhecer através da revista Claridade em 1936. Foi nessa linha um dos fundadores da Revista que surgiu com o propósito de “fincar os pés no húmus cabo-verdiano” ao mesmo tempo que preconizava o Modernismo brasileiro, movimento que teve uma grande influência na maior parte dos escritores das literaturas africanas de língua portuguesa, com particular destaque para os cabo-verdianos e os angolanos.
Manuel Bandeira
Manuel Bandeira foi um dos maiores poetas brasileiros. Encetou uma constante busca por novas formas de expressão. Deu os primeiros passos na literatura como parnasiano-simbolista para em "Carnaval", 1919, e "O ritmo dissoluto", 1924, começar a se engajar com os ideais modernistas. Em "Carnaval" estes se tornariam uma das marcas registadas de sua poesia. Mas foi em 1930, com a publicação de "Libertinagem" que o poeta totalmente se integra ao espírito modernista. O encontro para logo mais reúne membros da Associação Cabo-verdiana de Escritores e representantes da cultura.

13 de abril de 2005

O passado da educação em Cabo Verde

EnsinoNo ano em que se comemora 30 anos de Independência destas ilhas há olhares que necessariamente precisam ser lançados. Num texto de Alfredo Margarido sobre o nível de consciencialização dos intelectuais cabo-verdianos dos anos 20/30 figuram particularmente interessantes as informações que avança sobre a atenção que o Governo-geral de Portugal dava ao ensino, primeiro, aos cleros, depois, ao povo. Note-se que mesmo nas colónias a realidade se subdividia, a todos os níveis. Os números falam por si: Em 1525 as autoridades portuguesas procuraram dar uma base mínima ao ensino no arquipélago, este é exclusivamente consagrado à formação do clero. Só em 1740 se procura criar uma instituição destinada ao público: a 2 de Janeiro foi nomeado um mestre de gramática para a ilha de Santiago. E, em 1773, as autoridades locais pediam a designação de um mestre de leitura escrita em latim “para ensinar o povo”.
As mudanças no séc. XIX verificam-se lentamente: a primeira escola primária oficial foi criada em 1817 na Praia mas, com a morte do professor, encerrou-se até 1821. As actividades foram retomadas e novamente suspensas em 1840. No orçamento de 1842 - 1843 foi inscrita a verba de 3.800$00 para instalar 28 escolas primárias das quais 5 de terceira classe na Guiné, duas de primeira classe em Santiago e na Brava, 12 de segunda classe em cada uma das ilhas, 17 de terceira classe, assim como duas mestras de meninas em Santiago e na Brava. O decreto de 4 de Agosto de 1845 cria uma Escola Principal da Instrução Pública na Brava.
Um artigo de Reis Borges, de 1911, sobre a escolarização no arquipélago dizia que "em quatro séculos e meio, havia apenas 17 escolas oficiais para mais de 30.000 almas, ou seja uma média de 3529 almas".

Inf. de Alfredo Margarido

12 de abril de 2005

Artiletra boita pa fonti

Manuel D´NovasO Jornal Artiletra vai comemorar os seus 14 anos no lugar e com as pessoas que o viu nascer. O compositor Manuel d´Novas é uma delas. A Directora da publicação disse com orgulho que “a quando do lançamento do jornal, Manuel d´Novas apoiou com música essa iniciativa”. Daí ser a próxima edição do jornal, a ser lançado no dia 15 do corrente, no Mindelo, uma inteira homenagem à figura desse compositor de mar e terra que Cabo Verde tanto nomeia.
Por que quando se faz ano, de festa se trata, nos primeiros dias de Maio mais um número de Artiletra sai à praça.
Á par do lançamento vai-se inaugurar, também, uma exposição dos 14 anos de vida do jornal. Um jornal que apesar das dificuldades enfrentadas esses anos todos, tem oferecido aos amantes da cultura documentos fechados sobre determinados momentos e personalidades da cultura nacional.
Mas a Direcção promete melhores dias a partir de agora com incentivo do estado.
Para este ano prevê-se a edição de nove números do jornal, sendo alguns temáticos com figuras como Eugénio Tavares, B.Leza, e Katchás, e nove livros das edições Artiletra, sendo cinco de poesia.

Inf. da TCV

Um olhar do século XVII sobre Cabo Verde

Mulheres da HistóriaAs poucas mulheres brancas que há nesta ilha são portuguesas e pertencem a esta nação que as fecha, de manhã até à noite num quarto de reserva onde os estrangeiros e mesmo os seus melhores amigos não entram...

As negras têm por vestuário, uma saia, um pano que passam sobre os ombros para cobrirem o seio. A cabeça é amarrada com um lenço fino em forma de turbante, conservando a parte superior sempre descoberta. Todas elas têm um corpo lindo, mas poucas são as que não feias.

Esses extractos foram tirados do livro "Património Lusógrafo Africano". Um trabalho de pesquisa dos linguistas e pesquisadores franceses Françoise et Jean Michel Massa. O livro é uma interpretação dos manuscritos do navegador De Beauchesne Gouin, capitão de mar e guerra mandado aos mares do sul numa expedição que durou 4 anos (Dez. 1698 a Julho de 1701).
O livro contém o diário manuscrito do navegador, reescrito em francês e traduzido em português. Em alguns momentos a ortografia que correspondia à época teve que ser modificada.
De Beauchesne fez um relato minucioso do percurso, dos eventos sucedidos, dos lugares e das pessoas que conheceu. Fez igualmente descrições de peixes e aves raros, e dos usos e costumes da população face aos navegadores que chegavam. O navegador esteve em todas as ilhas de Cabo Verde e o livro aborda todos os pontos por onde passou a sua embarcação.

Onde comprar Património Lusógrafo Africano?
Na Papelaria Académica - Praia

11 de abril de 2005

“Common Threads” arranca com música

ExampleComeça no dia 15 do corrente a quarta edição anual da Conferência “Common Threads” sob o lema “Raízes e Unidade: o nosso caminho do futuro”.
Dois populares artistas cabo-verdianos radicados nos EUA, Djosinha e Gardénia Benrós, vão cantar na inauguração do evento no dia 13 de Abril no Sculler's Jazz Club, de Boston. O evento é promovido pelo Consulado de Cabo Verde em Boston e decorrerá de 15 a 17 de Abril em Pawtucket, Estados Unidos.
Natural da cidade da Praia, a cantora Gardénia foi Miss Cape Verde USA e Miss Ocean State e é formada pelo Berklee College of Music.
José "Djosinha" Duarte nasceu em São Nicolau começou a actuar aos oito anos, tem 18 álbuns gravados e foi vocalista do conjunto Voz de Cabo Verde.
Participam na conferência deste ano o Ministro da Cultura, Manuel Veiga, o Cônsul-Geral em Boston e os Presidentes das Camaras de Providence e Pawtucket.
Common Threads é uma iniciativa que surgiu há quatro anos com a preocupação de preservar e celebrar a tradição histórica e cultural dos cabo-verdianos na diáspora, e de toda a sua comunidade transnacional.

commonthreadscv.com

10 de abril de 2005

Família do músico Tom Jobim abre processo por direitos autorais

ExampleAs canções do músico brasileiro, Tom Jobim, considerado o ícone da Bossa Nova e conhecido mundialmente estão envoltas em polémica nos Estados Unidos. A família do artista falecido em 1994 entrou com um processo por violação de contrato e direitos autorais naquele país da América do Norte alegando que muitas de suas composições foram erradamente creditadas aos tradutores que as adaptaram para o inglês. A acção, ajuizada nesta semana num tribunal federal de Nova York, alega que houve quebra de contrato e não pagamento de royalties pelo grupo Universal, por meio da Universal Studios e do Universal Music Publishing Group.
No processo, a família de Jobim afirma que os direitos autorais mundiais de muitas de suas composições foram fraudulentamente indicados como sendo de autoria do tradutor que traduziu as letras originais em português para o inglês. Isso teria ocorrido depois da morte do artista.
A família Jobim quer os direitos autorais de volta, além de um valor desconhecido pelos supostos danos. Segundo os autores do processo, a Universal Studios e suas editoras musicais nunca foram proprietários dos direitos das músicas em questão, e não tinha direito de conceder os direitos a outra pessoa.

Folha Online

8 de abril de 2005

António Jorge Delgado expõe quadros

As surpresas de António Jorge Delgado não se prendem apenas à política, na qualidade de Deputado do Movimento para a Democracia. Arquitecto de formação, e ex. Ministro da Cultura de Cabo Verde também surpreendeu enquanto tal ao figurar como o responsável do sector que protagonizou uma autêntica revolução em termos de construção de infra-estruturas culturais no país.
Desta feita, o homem que não para de surpreender promete brindar-nos com uma exposição de desenhos artísticos que retratam as paisagens nacionais e outras paragens longínquas que, de uma forma ou de outra, fizeram parte do seu mundo. Sabe-se que estas obras têm um quê de íntimo e representam muito para o autor, porquanto, o mesmo confessou a um amigo, certa vez, que “tenho já alguns, mas só mostro-as a pessoas mais próximas”. É um trabalho que o tem vindo a acompanhar ao longo dos anos.
A exposição será, num primeiro momento, inaugurada, brevemente, na Capital, seguido de S. Antão, terra natal do autor.

7 de abril de 2005

Cesária Évora é atracção do Festival Internacional de Jazz de Montreal

CizeO encontro de Cesária Évora com os canadianos será a 1 de Julho na Sala Wilfrid Pelletier na Praça das Artes. O Festival Internacional de Jazz de Montreal já vai na sua 26ª edição e decorre de 30 de Junho a 10 de Julho. Évora vai apresentar em Montreal as músicas do seu mais recente disco "Voz D´amor" que ganhou Grammy e um troféu de Vitória da Música, em Fevereiro de 2004.
Á par do seu sucesso como intérprete, Cesária Évora tem sido uma personalidade muito nomeada a nível internacional. A cantora recebeu, em Paris, o título de oficial da Ordem das Artes e Letras. Foi distinguida num documento assinado a 23 de Fevereiro pelo Ministro da Cultura e da Comunicação, Jean -Jacques Aillagon.
Esta distinção é considerada pela sua Editora como mais uma vitória na carreira de Cesária Évora depois de em Julho de 2003 ter sido nomeada embaixadora da «Luta contra a Fome», no âmbito do Programa Alimentar Mundial.
Nascida a 27 de Agosto de 1941, a «diva dos pés descalços, como também é conhecida, já vendeu cerca de quatro milhões de discos e começou a ser popular na França.

Mega aula de Capoeira no Mindelo

ExampleA Associação de Capoeira Liberdade e Expressão (ACLE) assinala o seu terceiro aniversário com uma mega aula em S.Vicente com a participação de 300 praticantes da Capoeira. O evento está projectado para acontecer hoje ao início da noite na Rua de Lisboa.
Esta Associação foi fundada no Mindelo a 7 de Abril de 2002 pelo mestre capoeirista brasileiro Carlos Xexéu, mas as suas actividades são descentralizadas.
O fundador regozija-se do trabalho que tem feito ao longo desses três anos e é peremptório em referenciar o elevado potencial dos cabo-verdianos para a prática da modalidade
“Estou satisfeito com o trabalho já que a capoeira tem sido bem assimilada em São Vicente de forma espontânea e natural e eu próprio estou surpreendido pela forma como os cabo-verdianos se dedicam à capoeira”, precisou.
A ACLE tem em perspectiva para o corrente ano participações em eventos internacionais e em intercâmbios nas ilhas Canárias, no Senegal e em Cabo Verde.
Em Dezembro prevê-se a realização em São Vicente de um encontro internacional da Capoeira com a presença de mestres de diversos pontos do mundo.

A Capoeira é…

…um misto de luta–jogo–dança; O ritmo e as características do jogo são regidos pelo toque do berimbau, instrumento preponderante na orquestra de capoeira (que inclui também o pandeiro, o atabaque, além do agogô, o reco-reco, o adufe etc.). Os cânticos (às vezes acompanhados de palmas) também têm função importante na determinação do tipo de jogo. É tido como um excepcional sistema de auto-defesa e treinamento físico.
O espaço em que se pratica a capoeira é a roda, um círculo em torno do qual se sentam (ou apenas se agacham) os praticantes. Junto à entrada da roda ficam os instrumentos, com o(s) berimbau(s) ao centro, comandando a roda. Todos os participantes devem saber tocar os instrumentos, de modo que possam revezar-se na função, permitindo assim que todos tenham sua vez de jogar. As palmas são responsabilidade daqueles que assistem, à espera de sua vez de jogar, acompanhando sempre o ritmo ditado pelo berimbau. Todos devem responder em coro aos versos cantados. Uma boa roda de capoeira acontece quando todos os envolvidos, ainda que poucos, estiverem participando com vontade, dando corpo ao acompanhamento musical e aumentando assim a motivação daqueles que jogam.
A Capoeira já foi motivo de grande controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento – supostamente no século XVII, quando ocorreram os primeiros movimentos escravos de fuga e rebeldia – e o século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis, com descrições detalhadas sobre sua prática.
Com Inforpress/capoeiradoBrasil.com

5 de abril de 2005

Tito Paris actua nas Salinas de Pedra de Lume

Tito Paris
Vai ser uma actuação em grande no dia 4 de Junho. Os preparativos estão a andar. Um mega espectáculo num palco esculpido em sal nas Salinas de Pedra de Lume. Tito Paris concretiza, assim, o sonho antigo de actuar acompanhado por uma orquestra sinfónica e gravar um CD ao vivo.
Esta actividade, segundo a organização, será a primeira de muitas, já que existe um projecto cultural intenso para o sítio. Está-se a trabalhar neste momento nos preparativos de um museu do Sal a ser instalado dentro da cratera de Pedra de Lume. Será um lugar de memória que contará todo o percurso do espaço, e da ilha, enquanto um dos pólos de exploração salineira.
A ideia do museu acompanha o projecto da criação da "Fundação Granosalis". No âmbito da Fundação pretende-se doar toda a salina e a zona circundante à população, avançou-nos Jorge Spencer Lima, um dos integrantes do projecto. As salinas de Pedra de Lume serão, assim, um património de Cabo Verde. O objectivo primeiro, segundo a nossa fonte, é preservar as característica iniciais do espaço e reconstituir todo o trajecto inicial do sítio.
O que se pode constactar no terreno é a construção de um espaço-bar para albergar os centenas de turistas que diariamente visitam o local.