19 de abril de 2005

O 25 de Abril e as Independências das colónias

ExampleO Centro de Documentação 25 de Abril e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra estão a organizar um Seminário subordinado ao tema “O 25 de Abril e as Independências das colónias” que irá ter lugar no próximo dia 30 de Abril, entre as 11h e as 18 horas (hora de Lisboa) no auditório da Faculdade de Economia.
A iniciativa tem por objectivo alargar a leitura do 25 de Abril, como um momento amplo de procura de entendimentos sobre a ligação entre Portugal e os espaços que, à altura da revolução de Abril, se designava de ‘ultramar português’. A questão colonial – expressa de forma violenta através da guerra que se vivia em vários destes territórios – tem ela mesma várias leituras. De um lado esta é (re)vivida como ‘a guerra colonial’, enquanto que, para os movimentos nacionalistas, este processo é referido como ‘lutas de libertação nacional’. O impacto da revolução de Abril foi pôr termo ao regime fascista em Portugal; para o espaço colonial, a luta era contra o colonialismo de Portugal, pelas independências nacionais.
A intenção da organização é trazer o 25 de Abril, nas suas múltiplas vertentes, à história de uma camada estudantil que, nascida na sua maioria já em espaços pós-coloniais, tem tido pouco contacto e momentos de reflexão sobre a importância deste momento;
Pretende-se ainda permitir uma leitura mais ampla dos sentidos do 25 de Abril e das independências africanas e de Timor-leste;
Por fim, a ideia é transformar este encontro numa festa de todos – Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tome e Príncipe, Timor.
Esta iniciativa figura também como o resgate de uma história de há 30 anos e uma possibilidade de diálogo entre vários actores de várias gerações, que vai possibilitar uma reflexão mais alargada das realidades que intervém no processo. Da parte de Cabo Verde, além de estudantes, vai participar no evento o Embaixador cabo-verdiano em Portugal, Onésimo da Silveira.

Fonte: A organização

2 comentários:

Silvino Évora disse...

Bom, para começar, felicitaria a organização deste blogue, sobretudo à pessoa de Margarida Fontes, que dedica uma parte do seu tempo para actualizar este espaço. Eu acho que é um razão digna de nota, uma vez que os blogues vieram dar às pessoas a oportunidade de falar sem serem calados, mas também de escrever sem serem pagos. Por isso, importa felicitar essa ideia de ampliar o espaço de debate público.

Margarida, permitiria-me descordar de ti, num ponto:

não ascho que as coisas se põem nesses termos, quando dizes: "Isto para ilustrar que os jovens do Tarrafal e de Cabo Verde desconhecem a história de sofrimento, dor e resistência que conta o espaço".

Em primeiro lugar, porque a sociedade é composta por pessoas que pertencem a diferentes segmentos culturais, o que quer dizer que, por um lado, há pessoas que se interessam por determinadas coisas, por outro, há pessoas que certos padrões culturais e sociais lhes passam a leste.

A sociedade é composta por pessoas que tiveram a oportunidade de sentar nos bancos da escola e por alguns que nunca viram um professor, a não ser na televisão ou a passar na rua.

E também, não entendo que, com a amostra que apresentaste aqui - de um jovem que não conhecia todas as histórias do Campo de Concentração - terias elementos suficientes que te permitiriam tirar essa conclusão.

Eu tenho certeza que há jovens cabo-verdianos que te contam a história do Tarrafal "tintin por tintin".

Era só isso.

Bom trabalho

Anónimo disse...

Silvino Évora, ficamos satisfeitos ao saber de si, a valência que carrega este espaço. É digno de nota, igualmente, o comentário que faz sobre o caso do Tarrafal. Acreditamos certamente que você e outros jovens, do Tarrafal ou não, saibam contar as tantas histórias que carrega esse lugar. Mas também há-de concordar que você e esses outros jovens fazem parte de uma minoria. Essa minoria, aliás, a que faz referência no seu comentário. O actual estado do Campo do Tarrafal pode ser uma das razões desse desconhecimento. Longe de nós culpar os jovens, ou quem quer que seja. É toda uma dinâmica que propicia essa lacuna da nossa sociedade, que é real. A Comunicação social em Cabo Verde ainda não está vocacionada para este assunto. As nossas escolas também pecam. Enfim! Devemos acrescentar, finalmente, que a afirmação que fizemos sobre o pouco conhecimento da nossa história (não apenas do Tarrafal) pelos jovens, resultou das algumas entrevistas que fizemos no terreno.

Agradecemos mais uma vez a sua atenção.