A RTP África emitiu ontem mais um documentário de Carlos Brandão Lucas, desta feita sobre a realidade histórica e cultural de S. Tomé e Príncipe. Uma produção da RTP África com enfoques diferentes daqueles a que estamos habituados a ver sobre as ilhas do equador. “Coro das Palavras” é uma incursão pela identidade dos forros que em 1953 se recusaram a trabalhar na roça nas plantações do cacau, e, cuja sublevação, deu origem ao Fevereiro de horror. O programa incide ainda sobre o primeiro grito da negritude da África Lusófona no livro "Coração em África" do pan-africanista Francisco José Tenreiro, as questões de identidade, a oralidade, e a luta pela independência; resgata as estórias, os contos e os poemas na língua dos forros, e os autores que usam o crioulo na sua escrita.
O filme tece um olhar crítico sobre o percurso das Ilhas através da sua literatura, e foi interessante perceber a tendência evidenciada por alguns escritores santomenses, como Albertino Bragança e outros, que já não privilegiam nos seus escritos temas ligados às roças.
Carlos Brandão Lucas é um conceituado realizador e documentarista português que, em parceria com a sua esposa a produtora Marina Brandão Lucas, já realizou vários trabalhos de cariz histórico, cultural e antropológico sobre os países de Língua Oficial Portuguesa, Portugal, Brasil e os Açores. Cabo Verde é tema recorrente dos seus documentários.
Novos Tempos...
Soube pela televisão que a Câmara Municipal de S. Filipe se associou à festa de S. Lourenço, e que agora, tal como nas outras festas de santo, a celebração eucarística divide a cena com os artistas da onda. O autarca, quando instado a falar do custo da operação, disse que nesse tipo de inovação (?!) se investe muita energia positiva e esforço humano, e que esta é mais “uma via de potenciação do turismo local”. O edil não perdeu a oportunidade de dizer que essa festa tem também uma forte componente religiosa.
Já o pároco, diante da inversão dos papéis, lamentou a pobreza material, financeira, cultural e espiritual dos paroquianos locais, e apelou a uma mudança de mentalidade.
O que dizer se a peça do “festival” foi emitida antes da eucaristia e da procissão? Novos tempos...
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